Experiências Internacionais de Implementação da Gestão do Conhecimento no Setor Público
O desenvolvimento global apresenta desafios significativos para as administrações públicas que prestam serviços aos cidadãos.
Requer-se uma administração pública mais transparente, inovadora, eficaz e eficiente, capaz de gerir recursos escassos em contextos políticos, económicos e sociais complexos.
Os especialistas falam em três pilares do desenvolvimento:
- O primeiro, o desenvolvimento do capital intelectual dos países, o que se consegue com mais investimentos em educação, em tecnologia, em ciência, em investigação e desenvolvimento.
- O segundo pilar são as infraestruturas físicas que facilitam a atividade económica, a produção, o investimento estrangeiro ou o comércio.
- O terceiro pilar é uma boa governação, baseada em instituições públicas transparentes e eficientes, em sistemas judiciais independentes e ágeis, em sistemas fiscais eficazes, em leis fortes sobre propriedade intelectual e sobre concorrência, em leis do trabalho que valorizem os recursos humanos e que satisfaçam as necessidades do sistema produtivo.
As economias que são enquadradas nestes níveis avançados de desenvolvimento conseguem equilibrar estes três pilares. Ora, conseguir equilibrar estes pilares é um desafio que as entidades públicas só conseguirão atingir usando boas práticas de gestão do conhecimento.
Quanto à administração pública portuguesa, encontramos evidências de que a utilização de práticas de gestão do conhecimento ainda está numa fase embrionária, sendo pouco consistente e formalizada.
Muitas práticas de gestão do conhecimento, implementadas pelas entidades públicas, não estão alinhadas com a orientação estratégica das organizações.
Nos últimos anos, o interesse dos gestores públicos portugueses pelas práticas de gestão do conhecimento aumentou. No entanto, devido a demasiadas restrições económicas e a alguma falta de estratégia dos sucessivos governos, os efeitos destas práticas têm sido pouco visíveis.
Mesmo quando existem bons exemplos de partilha de boas práticas de gestão do conhecimento, como é o caso da Rede Comum de Conhecimento da Agência para a Modernização Administrativa Portuguesa, os resultados globais são ainda pouco significativos.
Considerando os fortes laços históricos, culturais, sociais e económicos entre Portugal e o Brasil e tendo em conta os avanços na divulgação do uso de práticas de gestão do conhecimento que têm sido realizados pelo Ipea, a Associação para a Acreditação da Gestão do Capital Intelectual (ICAA) vem promover, em Portugal, o livro “Experiências Internacionais de Implementação da Gestão do Conhecimento no Setor Público”.
Esta obra tem a sua grande riqueza na diversidade de experiências de gestão do conhecimento, implementadas em diferentes contextos internacionais (Canadá, Chile, Portugal, México, Reino Unido, Alemanha, Áustria e Suíça), sendo, por isso, uma fonte de aprendizagem e de troca de experiências.
É com muito orgulho e sentido de responsabilidade que a ICAA apresenta esta obra em Portugal, uma vez que ela foi elaborada por Fábio Ferreira Batista, um excelente especialista e investigador em gestão do conhecimento na administração pública, com notório trabalho internacional, que, por sinal, é também cidadão português. Acrescente-se que a obra inclui ainda exemplos de boas práticas de gestão do conhecimento da administração pública portuguesa, apresentadas pela professora e investigadora Leonor Pais.
Com a edição desta obra em Portugal, a ICAA espera contribuir para uma melhor compreensão sobre as particularidades da gestão do conhecimento na administração pública portuguesa e, ao mesmo tempo, promover a implementação destas práticas nas politicas e estratégias da administração pública nacional.